Reportagens

Segunda - 31/10/2011 às 18:33

O que podemos comemorar em 31 de outubro?

Esqueça o Halloween, 31 de outubro representa um marco na história do cristianismo: a reforma protestante.


Em 31 de outubro de 1517, no castelo de Wittenberg – Alemanha, foram publicadas as 95 teses de Martinho Lutero, fato que desencadeou a gloriosa reforma protestante. Vale lembrar que, Lutero ao divulgar suas teses (todas fundamentadas na Bíblia), não pretendia realizar nenhuma cisma na igreja católica ou criar sua própria congregação, ao contrário, como um autêntico cristão desejava que a igreja se arrependesse dos seus caminhos pecaminosos e pagãos, entre eles a prática de indulgências (comercialização da salvação e perdão dos pecados), torturas, penitências e o ensino da divindade de papas e padres. Além disso, nos tempos de Lutero, o acesso à Bíblia Sagrada era proibido e um privilégio de poucos clérigos, sendo que as doutrinas do alto clero eram propagadas como verdade única e absoluta.

Embora muitos historiadores atribuam aos interesses políticos e econômicos da ascendente classe burguesa as causas norteadoras da reforma, todos acabam por reconhecer que Lutero lutava por uma reforma religiosa, para que a igreja retomasse aos antigos valores cristãos ensinados pelo próprio Senhor Jesus e seus apóstolos. Uma vez que, o objetivo da igreja primitiva era atender ao chamado da Grande Comissão: ir por todo o mundo, pregar o evangelho, batizar e ensinar tudo quanto Jesus havia dito, enquanto a igreja católica, durante a idade média, explorava a população e matinha como um de seus objetivos acumular terras, riquezas detendo o poder político e social em suas mãos.

Primeiro contato com a verdade



Como pagamento de uma promessa, Martinho Lutero entrou para um convento Agostiniano, onde mais tarde se tornaria um padre. Lá ele sofreu diversos conflitos espirituais, pois apesar de sua servidão, devoção e penitência nunca se sentiu perdoado de seus pecados, e muito menos salvo da condenação e do juízo. Sua consciência só o acusava e o relembrava de seus erros. Havia nele uma sede espiritual imensa, cuja fonte para saciá-la somente seria encontrada através dos primeiros contatos que teve com a leitura da Bíblia, achada por ele em um dos cômodos do convento no qual residia.

Lutero, então, ficou vislumbrado e propôs em seu coração ler o mais breve possível todo aquele livro precioso. Quanto mais avançava a leitura, mais convicto ficava de que a salvação só era alcançada por meio da graça de Deus e pela fé. Quando se deparou com o texto do apóstolo Paulo em Romanos 1.17, Lutero não teve dúvida de que a remissão dos pecados podia ser alcançada por qualquer um que cresse.
Assim como os pré-reformadores, John Huss e Wycliffe, Lutero defendia o ideal do sacerdócio universal dos crentes, em que qualquer pessoa pode se relacionar com Deus sem a presença de qualquer sacerdote para guia-la ou remir seus pecados. Afinal, a Bíblia deixou claro que a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus. Para tanto, era necessário que todos os pecadores tivessem contato e acesso a esta Palavra, fato que não ocorria, pois as missas não eram celebradas na língua nativa da população e sim em latim, e a leitura bíblica era privilégio de poucos, por isso, o reformador Lutero se empenhou em traduzir a bíblia do latim para o alemão, pois dessa forma seria mais fácil difundi-la. John Wycliffe, por exemplo, já havia traduzido a Bíblia em uma versão britânica.

Claro que, o livre acesso à Palavra de Deus por parte da população era uma ameaça ao poder clerical daquela época, uma vez que, lendo-a, as pessoas se conscientizavam que eram livres para falar com Deus, e não deviam adoração ou prestação de culto ao papado (poder sacerdotal da época), muito menos dependiam da compra de indulgências para obterem a salvação ou acharem graça aos olhos de Deus.

É importante ressaltar que a reforma e até mesmo os eventos precedentes a ela, demandaram homens de fé que arriscassem suas vidas em favor da vontade de Deus.  Muitos deles foram condenados à morte no tribunal das inquisições, outros como Lutero não chegaram a ser assassinados, mas viveram em perigo, subjugados por vezes a esconderijos, entretanto permaneceram firmes em seus propósitos, para que todos os cristãos vivenciassem o tempo da graça e com liberdade, prestasse culto a Deus aprendendo da Sua santa Palavra.

Enquanto o mundo comemora o dia das bruxas em 31 de outubro, os cristãos podem refletir e agradecer a Deus pela providência de homens como, Hus e Lutero que lutaram em nome do Senhor Jesus Cristo. Mesmo que, o mundo diga que a reforma se tornou um capricho da burguesia que tentava ter o mesmo direito da igreja católica em acumular riquezas, o fato é que os reformadores desejavam a santidade da igreja, a justiça social e o fim das heresias.

> Por Deborah Virginnia - Redação Umadu



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